domingo, fevereiro 05, 2012
Nós em Laços...
Melhor é olhar de longe
essa paisagem que esconde
as entrelinhas do horizonte...
Antiga, nua, sem graça...
A cada mudança de lua
batem forte em seus costados
as ondas, - algumas sem volta...
Quebram-na, salgam-lhe as rochas...
Põem a arder o seu centro,
e eis a erupção de inversos...
O vulcão que pretendiam extinto
cospe lavas incandescentes...
Desdenha em estrofes
sua própria catástrofe.
Na língua de fogo,
o gosto amargo das cinzas
de onde renasce...
para enfrentar geleiras...
ju rigoni (2005)
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domingo, janeiro 22, 2012
Cicatriz
Tiros, gritos,... e mais tiros!
Polícia versus bandidos?...
Susto versus meus versos, -
pensamentos feridos...
A casa cede ao t(r)emor,
destrancam-se portas e janelas...
Papel e caneta ainda nas mãos,
jogo-me ao chão em busca de abrigo.
Vivo intensamente o drama
de um poema morto de medo
deitado comigo embaixo da cama...
ju rigoni (2009)
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domingo, janeiro 08, 2012
Contra-Luz
O poema nasce...
Amargo é o resguardo.
Que será desse filho
que à primeira vista
só se parece comigo?...
Aprenderá a andar
e não o alcançarei;
falará a outrem
do que nunca saberei...
Revelará segredos
que jamais desvendarei...
Ainda o verei, quem sabe,
por entre a poeira dos seus caminhos...
Mas assim,... livre!,
não o reconhecerei?...
Apesar de tudo,
desejo e desejarei
que meu filho transpareça
para além do transparecer...
E não ouse envelhecer!
Que ao menos
não cometa a falseta
de morrer
antes da poeta...
ju rigoni (2010)
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domingo, dezembro 04, 2011
Dos Encantadores
.
.
Almir Sater - Benzinho - Instrumental
Pressiona trastes, dedilha,
toca, retoca, - flexiona a reflexão...
Cria e oferta asas; desperta anjos...
Sem cantar palavra
acorda as palavras de dentro.
Em inédito e reto bastidor,
borda com o aço das cordas
as cores, - acordo em acordes...
Vibra em divino momento, -
flui, generoso, em todas as línguas.
Tece o manto do melhor sentimento.
A mente encorpa, cria pele,... sente.
A mágica desse toque transcende...
E uma nota de rara beleza
é a mais dissonante das certezas, -
ainda há paz dentro da gente...
ju rigoni (sem registro de data)
Aos Amigos e Visitantes
O poeta André L. Soares, um amigo virtual muito querido,
um dos primeiros que conheci ao começar a blogar,
está lançando seu primeiro livro, "Gritos Verticais",
que reune poemas inéditos e poemas publicados
em seu blogue, do mesmo nome.
E para que entendam dos laços que me "atam" à poesia de André...
ESCOLHAS
(André L. Soares – 17.03.07 – Guarapari/ES)
Quando me refiro à vida,...
falo das esquivas, das forquilhas
das trevas, dos entraves e dos trevos,
das histórias que contamos entre os dedos,
da chuva fina e do vento nas folhas,...
pois se falo da vida,...
falo das seqüelas dos segredos,
das quinas, das curvas das esquinas
das dúvidas... e das escolhas.
André, tudo de melhor para você, meu querido amigo. Inté!
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Medo de Avião, Dormentes, Navegando...
.
Almir Sater - Benzinho - Instrumental
Pressiona trastes, dedilha,
toca, retoca, - flexiona a reflexão...
Cria e oferta asas; desperta anjos...
Sem cantar palavra
acorda as palavras de dentro.
Em inédito e reto bastidor,
borda com o aço das cordas
as cores, - acordo em acordes...
Vibra em divino momento, -
flui, generoso, em todas as línguas.
Tece o manto do melhor sentimento.
A mente encorpa, cria pele,... sente.
A mágica desse toque transcende...
E uma nota de rara beleza
é a mais dissonante das certezas, -
ainda há paz dentro da gente...
ju rigoni (sem registro de data)
Aos Amigos e Visitantes
O poeta André L. Soares, um amigo virtual muito querido,
um dos primeiros que conheci ao começar a blogar,
está lançando seu primeiro livro, "Gritos Verticais",
que reune poemas inéditos e poemas publicados
em seu blogue, do mesmo nome.
E para que entendam dos laços que me "atam" à poesia de André...
ESCOLHAS
(André L. Soares – 17.03.07 – Guarapari/ES)
Quando me refiro à vida,...
falo das esquivas, das forquilhas
das trevas, dos entraves e dos trevos,
das histórias que contamos entre os dedos,
da chuva fina e do vento nas folhas,...
pois se falo da vida,...
falo das seqüelas dos segredos,
das quinas, das curvas das esquinas
das dúvidas... e das escolhas.
André, tudo de melhor para você, meu querido amigo. Inté!
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domingo, novembro 20, 2011
Praga de Primaveras
No outono,
abranda-se o fogo do verão...
Procuram-se achas...
Algum inferno
capaz de derreter
o gelo do inverno.
ju rigoni (2010)
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domingo, novembro 06, 2011
À Vela
O poeta não está nestes versos.
Saiu. Foi beber o mar...
Viver e morrer outras vidas...
Eterno incompreendido,
curtido em sal e areia,
remenda e remenda a rede, e...
nem talentos nem sustento...
Não é de prata a sua sede,
nem de ouro a sua fome!
Seu barco nunca teve nome,
e minúsculas são as letras
que marcam a sua passagem
em calmaria ou tormenta.
Solitária...
é a pequena grande viagem
para dentro...
Povoada de silêncios
que, solidários, gritam...
ju rigoni (1997)
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domingo, agosto 28, 2011
Decantação
Entre princípios
há meios...
Bouquets malditos!...
Inclua-se no tudo
o nada;...
movimento que é uma parada!
Tudo é o todo, -
suas partes,
e o hiato
que as une ou separa...
Tudo é heraclitamente
parmenidiano...
Inclusive a garrafa quase vazia
e o copo de vinho
que dançam
à minha frente...
Ou os amigos que riem,
riem, riem,...
tentando explicar o nada
diante do que acontece
nesta mente alcoolizada
em que tudo flui
porque permanece...
ju rigoni (2009)
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domingo, agosto 21, 2011
Filhotes, Feras e Feridas
Ah, as crianças brincando!…
Tão inocentes, tão puras…
Os sorrisinhos felizes,
as gostosas gargalhadas…
Nem sabem de passarinhos
buscando onde fazer ninho;
nem sabem da ararajuba
ou do cachorro-vinagre;
do lobo-guará, da ariranha,
do gato-maracujá…
Nem sabem da onça-pintada!
Dos índios,... a tanga,
o cocar, o colar...
De sinas e medos...
Não. Não sabem de nada.
Não sabem da poesia
que brota da foz do rio,
gigante que vai crescendo
em vagas que empurram águas,
levando a alma do mar, -
até que a lua nova
por bem o convide à calma…
- Poroc-Poroc…
Não sabem...
Nem sabem esses pequeninos
das feias e secas clareiras, -
das feridas sem cascas, -
do que lhes reserva o destino.
Caio em mim;
pobres crianças...
Ainda ontem aprenderam a falar!
Brotos bonitos, bem nutridos...
Porém,... dóceis, indefesos, mansos,
tal qual as árvores que sucumbem
à natureza de homens
que um dia já foram crianças…
ju rigoni (2008)
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domingo, agosto 07, 2011
Quando?!...
Quando a gente ama
arde no fogo, crepita,
deixa secar o mar interior;
sem dó, ouve o desafinar
da música que nos habita.
Quando a gente ama
bebe palavras em saliva quente;
nem se dá conta das estrelas cadentes
do céu da boca.
Quando a gente ama
a gente enlouquece...
A gente só ama, ama, ama...
O leite a ferver e entornar
dos corpos ardentes
sobre a cama...
Quando a gente ama
roça perigos em gozo...
Apossa-se do que não deve...
Na vício da felicidade
corpo e alma experimentam
um gosto de eternidade...
Quando a gente ama
ama o que o outro ama na gente;
não é quando a gente ama
que a gente se ama
completamente?...
Quando a gente ama
trama em nós cegos
que estreitam o peito
entre o prazer e o receio
de que havendo fim
não haja meio de sobreviver...
...
E quando o amor é findo,
de repente, a gente se lembra
que não existiu nesse tempo...
Tira do limbo a própria trama...
dá à luz a dádiva da dúvida...
E rememora, e sofre,
e quer morrer, - matar o que mata! -,
e tem certeza...
Não será capaz de responder
à inquietante pergunta...
Quando a gente ama?...
ju rigoni (Anos 70)
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domingo, julho 31, 2011
Parêntesis
.
No verbo… havemo-nos, -
existimos ou não…
.
.
.
Conjugamo-nos…
em singulares plurais.
.
.
.
Metaforizamo-nos…
para sermos menos ou mais
do que realmente somos…
.
.
.
ju rigoni (2002)
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No verbo… havemo-nos, -
existimos ou não…
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Conjugamo-nos…
em singulares plurais.
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Metaforizamo-nos…
para sermos menos ou mais
do que realmente somos…
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ju rigoni (2002)
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