domingo, agosto 21, 2011

Filhotes, Feras e Feridas


Ah, as crianças brincando!…
Tão inocentes, tão puras…
Os sorrisinhos felizes,
as gostosas gargalhadas…

Nem sabem de passarinhos
buscando onde fazer ninho;
nem sabem da ararajuba
ou do cachorro-vinagre;
do lobo-guará, da ariranha,
do gato-maracujá…
Nem sabem da onça-pintada!

Dos índios,... a tanga,
o cocar, o colar...
De sinas e medos...
Não. Não sabem de nada.

Não sabem da poesia
que brota da foz do rio,
gigante que vai crescendo
em vagas que empurram águas,
levando a alma do mar, -
até que a lua nova
por bem o convide à calma…

- Poroc-Poroc…
Não sabem...

Nem sabem esses pequeninos
das feias e secas clareiras, -
das feridas sem cascas, -
do que lhes reserva o destino.

Caio em mim;
pobres crianças...
Ainda ontem aprenderam a falar!

Brotos bonitos, bem nutridos...
Porém,... dóceis, indefesos, mansos,
tal qual as árvores que sucumbem
à natureza de homens
que um dia já foram crianças…

ju rigoni (2008)


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18 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Como sempre um poema que FALA tanto de vida...de futuro de esperança.
Que a vida seja meiga para as crianças que vão ser homens e mulheres.

Um beijinho com carinho
Rosa

Rogério G.V. Pereira disse...

Meu neto
que é muito esperto
disse:


(e eu olhei
para onde ele apontou)
Olha um Miau
e um Rio
feito com muito pau

Quando ele crescer
seu poema vai ler

Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa disse...

Excelente este seu poema, Ju! Lindo e emocionante. São os homens que já foram crianças, inocentes e puras crianças, que hoje cometem tanta atrocidade neste mundo!
Beijo.

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Ju
O Grande problema, é que não se fica criança para sempre.
Boa semana
Bjux

mfc disse...

Um poema atento a este mundo em degradação acelerada!
Parabéns.

mfc disse...

Regressado de férias não podia deixar de vir aqui deixar aquele abraço.

Eliane F.C.Lima disse...

Crianças trazem em si a virtualidade e o benefício da dúvida. Quando pequenas, estão alinhadas às árvores, aos animais, a toda essa parcela da natureza que precisa de proteção e faz o brilho do universo, alimenta a esperança na paz. Crescidas, podem se metamorfosear no predador.
Eliane F.C.Lima

Toninho disse...

Uma belissima construção para esta questão educação criança/homem,uteis para o futuro.Ficamos sempre perguntando onde erramos?
Oi Ju venho de uma bela apresentação sua junto a querida Beth e me encantei logo nesta leitura.
Parabens pela arte.
Meu abraço.

Nadine Granad disse...

O seu poema BABA... que delícia!!!

... FILHOTES, FERAS E FERIDAS... Como é bom ler sua poesia crítica, escutar suas onomatopeias...

Beijos =)

Graça Pereira disse...

Minha Querida
Mais um poema maravilhoso que fala da vida, das crianças e se advinha o futuro. Ler-te é para mim sempre reconfortante porque encontras as palavras certas para a tua mensagem. Beijo amigo e uma boa semana.
Graça

Tania regina Contreiras disse...

Ju, querida, quanta sensibilidade! Emocionou-me o poema e, quanto à poeta, eu já amo há um tempinho bom!:-)
Bjos

Fernanda Ferreira - Ná disse...

Olá amiga Ju.

Dói a verdade explicita no teu poema.
Comovi-me.

Então fui buscar algo da minha amiga que diz assim:

"Os olhos das crianças
Cuidam dos afectos
Suplicam a paz
Apreendem os desassossegos
E poisam demoradamente
No caminha do rio
No vai e vem de cada onda do mar.

Os olhos das crianças
Brilham na terra
Como as estrelas brilham no céu."

Maria José Areal

Beijinhos

Teresa Alves disse...

E um 'ah' para a inocência se fez... Crescemos. Aumentamos de tamanho e de largura. Adquirimos hábitos e desfazemos outros. Aprendemos a valorizar o que mais nos agrada, desviando a atenção do que, nem tanto. Crescemos. E se mantemos a inocência, ou não... se fomos feras, ou feras feridas... mas nunca acuadas... Crescemos.

¬
Bom restinho de semana, Ju.

Anônimo disse...

Olá, Ju!

É uma realidade que nos desgosta mas a que não se escapa: que a inocência das crianças se vá perdendo à medida que deixam de ser crianças ...

Beijinhos.
Vitor

Sonia Pallone disse...

Suas postagens são sempre muito bem vindas. Nos remete a reflexões diversas, interagindo sempre com os nossos momentos...

Beijos&Carinhos.

Marise Ribeiro disse...

Ju, passeando pelos seus espaços e matando a saudade dos belos momentos que você me proporciona, deixo-lhe beijos e aplausos, muitos!
Marise

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

O sentimento que me passa, é saudade
do que era a infância do meu tempo, do seu, de tantos de antes do mim...como muda a "cara" da infância
como será amanhã? Fico triste mas, como um rio, continua pra frente...
Como pode, a realidade ser tão feia, e seu poema tão lindo?

Beijinhos, ju

ju rigoni disse...

Aos amigos,
Rosa, Rogério, Isabel, Wanderley, mfc, Eliane, Toninho, Nadine, Graça, Tania, Fernanda, epee, Vitor, Sonia, Marise, Lúcia...

meu agradecimento pela visita e comentário. E perdoem por não estar conseguindo, devido ao trabalho, visitá-los com mais frequência. Bjs e inté!