domingo, outubro 31, 2010

poema sem



este e um poema
sem acentuacao
sem pontuacao
sem acessorios

um poema palido
sem maiusculas
sem qualquer excelencia

um poema de excecao
um poema que se tenta
ao atentar contra si mesmo

um poema
em onduladas exclamacoes
e interrogacoes retas
derridando se
aguda e circunflexamente
a luz da escuridao

sem folego
bebado
tropego

um poema reticente
a espera de leituras
que o desossem
ou alimentem
deem lhe significado
façam no existir

um poema sem antenas
a pesar da posição de sentido
e dos pingos dos

iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
quando dividido
um poema subtraido
um problema
um teorema

um poema essencialmente nu
por agora quem sabe vestido
pelo tecido da mente
de quem se acredita capaz
de ler este desconhecido

ju rigoni (1989)


Visite também

Dormentes, Medo de Avião, Navegando...

22 comentários:

AC disse...

Um poema vestido de humildade.
Contudo, todos sabemos a força que daí pode advir. Ficam, portanto, as reticências...

beijo :)

Anônimo disse...

Ju, poetisa querida, vc é sensacional!

Quando eu penso que vc já conseguiu arrancar de mim todas as sensações, por meio de seus versos, eis que surge esse poema e me coloca no ar... em total estado de êxtase!

Muito obrigada por me permitir ler essa maravilha...

Beijos, querida!

Carlos de Thalisson T. Vasconcelos disse...

Ora, que poema singular! Gostei, gostei. =]

Ana Lucia Franco disse...

Ju, show de criatividade, maravilha, uma poeta como você pode sim desnudar o poema e ainda deixá-lo com tanto brilho.

bjs.

Rita Contreiras disse...

É a falta que nos impulsiona à busca do que nos completa. Essa busca infinita da fonte da vida. Enquanto vamos completando o que falta o sentido vai sendo construído e tudo vai se transformando, sem contudo cessar a busca...

Vitor Chuva disse...

Olá, Ju!

Concordo que o poema não tem nem acentuação nem pontuação, mas de todo discordo quanto ao não ter excelência. E também não é bêbado ... e muito menos prôpego, como nos quere fazer crer, mas sim um ágil exercício de criatividade e imaginação.

Parabéns!
Beijinhos.
Vitor

Graça Pereira disse...

Querida Ju

Este poema, sem boca, grita no silêncio em queda livre das palavras..
Não precisa de acessórios porque ele sozinho já é grandioso...não precisa de acentuação porque quem o lê...empresta-lhe o sabor de todos os pontos...que podem não ser coincidentes com os do autor... um poema já vestido com todas as emoções e fantasias de quem o escreveu...
O problema é meu que não sei dizer mais nada...
Beijos, minha querida.
Graça

Guaraciaba Perides disse...

A imagem colocada como ilustração
éindispensável para a compreensão do texto...ou estou enganada? comm ela o poema muda de forma e cria um subtexto.Muito bom ver seu
trabalho,sempre tão contundente.Muito gostoso e desafiante.Obrigada

Lu Nogfer disse...

Se é um poema desconhecido...
Porém é cheio de sentidos
Se as palavras sao nuas
Mas sao muito sensíveis
Um poema aberto a perspectivas
Um poema sem a menor duvida
E de versos ríquíssimos!

Lindo e sensivel,Ju!
Parabens!

PS:Obrigada pela presença tao carinhosa lá no meu cantinho!

Beijos,linda!

Eloah Borda disse...

Ju querida, sempre presente! Obrigada amiga. Não tenho atualizado muito seguido meus blogs, dividindo-me, na medida do possível, entre eles, o orkut, o facebook e o youtube, um pouco aqui, um pouco ali...

Sobre o poema, eu direi que é de uma "complexa simplicidade", é, ambivalente sim, que expõe, desnuda-se e, ao mesmo tempo, esconde-se dentro de suas próprias palavras...

Té mais, querida.
Beijinsss.

Wanderley Elian Lima disse...

É um poema reto, que deixa transparecer a alma inquieta de quem o escreveu.
Bjux

Nilson Barcelli disse...

Ju, vc é uma criativa, para além de ser poetisa. Bem... estas duas qualidades andam de mãos dadas em todos os grandes poetas...
O seu poema é excelente, pois claro...
E já tem 21 anos (é maior...).
Beijos, querida amiga.

Tais Luso de Carvalho disse...

Ju querida, vejo como um poema muito criativo e com conteúdo e, como tal, até dispensamos todas as acentuações; há um grito de interrogação no que nos agride; uma pausa para saber, da vida, o seu significado; uma virgula ou um ponto final à procura de algo. A foto já é muito sugestiva... Poema cheio de significados e lamentos por algo que nunca deixaremos de buscar: a nossa paz.

Beijos, amiga.
Tais luso

Tania regina Contreiras disse...

Ju, que maravilha... Esse é um poema que não precisa de olhos que lhe deem vida, porque é vivo, autêntico, forte e real: amei! E há o que eu não goste quando vc escreve???? :-)

Minha poetisa querida, você! Adoro ler seus versos...

Marcantonio disse...

Um poema formidável. Você não esqueceu nem o hífen! Mas é gestáltco, porque o lemos naturalmente como se tivesse tudo que não se permite exibir. Dá muito o que pensar!

Beijo.

Rodrigo de Assis Passos disse...

foi bom te encontrar e melhoer ainda te ler!

Eliane F.C.Lima disse...

Não somos capazes de ler nem nosso próprio desconhecido. Se supomos ler o desconhecido alheio, agregamos ali, apenas, o pouco que sabemos de nós. Muito pouco... E vão daí tantos enganos.
Seus poemas estão cada vez mais surpreendentes e ousados na exploração da virtualidade da língua, em nome da expressão poética.
Eliane F.C.Lima

Nadine Granad disse...

Rá!
Ju, você é incrível!...

Nada, com tudo... poema para ser relido!!!

Beijos =)

lis disse...

"Sem folego
bêbado
tropego ... "
adorei a forma como escreve o amor sem sinais, sem pontp final .
bom sábado
com abraços Ju

Luciene disse...

Sabe, Ju, penso que você seja a melhor poetisa da net. Você escrvee maravilhosamente bem. Que Deus continue a inspirá-la sempre pelo bem das poesias de ótima qualidade.

Abraços.

ju rigoni disse...

Querida Luciene, (Poemas Tecidos),

liberei constrangida o comentário que me deixaste. Agradeço o carinho, mas tenho autocrítica suficiente para saber que estou longe disso. Aqui mesmo, nesta caixinha de comentários, há grandes poetas infinitamente melhores do que eu. E, carinhosamente, recomendo que os visite para ter certeza de que o que digo é uma verdade incontestável.

Muito obrigada pelas gentis palavras, poeta. Inté!

ju rigoni disse...

Meus sinceros agradacimentos à AC, Patrícia Lara, Carlos, Ana Lúcia, Rita, Vítor, Graça, Guaraciaba, Lu, Eloah, Wanderley, Nilson, Taís, Tania, Marcantonio, Rodrigo, Eliane, Nadine, Lis, e Luciene.

Bjs e inté!