domingo, janeiro 08, 2012

Contra-Luz


O poema nasce...
Amargo é o resguardo.

Que será desse filho
que à primeira vista
só se parece comigo?...

Aprenderá a andar
e não o alcançarei;
falará a outrem
do que nunca saberei...
Revelará segredos
que jamais desvendarei...

Ainda o verei, quem sabe,
por entre a poeira dos seus caminhos...
Mas assim,... livre!,
não o reconhecerei?...

Apesar de tudo,
desejo e desejarei
que meu filho transpareça
para além do transparecer...

E não ouse envelhecer!

Que ao menos
não cometa a falseta
de morrer
antes da poeta...

ju rigoni (2010)

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17 comentários:

Mariazita disse...

Ju, querida amiga
O seu poema é duma tal profundidade que me fez ficar sem fôlego...
Como sabe (melhor do que eu...) a poesia pode ter várias interpretações, dependendo do "coração" que a sente ou até mesmo do momento que está vivendo quem a lê.
Seja como for... ADOREI!

Desejo a continuação dum bom 2012.

Tudo de bom para vc, beijinhos amigos

Paula: pesponteando disse...

Ju, que delícia! Certamente falará a outros coisas inéditas, dará esperança, causará alegria, tristeza, e muitas vezes há de algum leitor pensar: parece que o autor deste texto o fez para mim, parece que me conhecia a alma e tudo que vai nela. Seu menino saiu do ninho, ju, e agora crescido tem vida própria. mas não é isso que acontece com todo filho?
Estou encantada...lindo poema! bjs

Sândrio cândido. disse...

e exatamente nos perdendo de um poema e nos perdendo nele que nos encontramos
abraços

Tania regina Contreiras disse...

Queridíssima poeta,esse filho que parece em princípio só com o poeta vai se assemelhando aqui e ali, nisso e naquilo, num verso, numa palavras...a tantos outros! Teus filhos se parecem muito comigo! rsrs
Lindo poema, Ju!

mfc disse...

O teu poema é de quem o ler... e interpretar!
Perdeste o poema, como quem tem um filho!
Passa a ter vida própria.

Nadine Granad disse...

Adorei o comentário: perdeste o poema!...

Ju, você escreve com "N" possibilidades, múltiplas leituras...

Seu poema cresce... cresce... é do/para o mundo!

Beijos =)

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

INTENSO E SUBLIME...como o amor de um filho e como sempre as palavras não as tenho para comentar...fico sentindo apenas.

Deixo um beijinho com carinho
Sonhadora

Guaraciaba Perides disse...

Você é perita em expor com tanta precisão como sentimos ao compor um poema, a alegria de vê-lo nascer e como um filho sempre tão amado, sem contar o prazer de deixá-lo viver o seu próprio destino com o amor que ele puder receber e de passar aos outros o seu sentimento.
Um abraço

Graça Pereira disse...

Belissimo, minha querida!
Um poema de sentimentos de mãe, de criadora e de poetisa...
E o poema perdurará para sempre, ultrapassando a poeira do tempo, como foi vontade da sua criadora.
Mil beijos.
Graça

Eliane F.C.Lima disse...

Oi, Ju,
Adorei o poema: a reflexão sobre o alcance de um texto poético, o não controle por parte do autor depois de feito e "dado à luz" (aproveitando a metáfora), até os desvendamentos inconscientes e incontroláveis do eu poético.
Eliane F.C.Lima

Anônimo disse...

Lindo, amiga!

Lindo e duma sensibilidade invulgar, rara.
Que o "amargo seja o resguardo" e poupe todas as mães à dor inqualificável de perder um filho seu.

Beijo

Anônimo disse...

Bom fim de semana, Ju!

Beijinhos

Mariazita disse...

Querida Ju
Deixo um abraço apertadinho e votos de bom fim de semana.

Beijinhos

ju rigoni disse...

Bjs e abraço apertado nos amigos que aqui estiveram visitando e comentando. E o meu muito obrigada! Inté!

Graça Pereira disse...

O poema em cima não tem espaço para comentar...Que pena! É um poema extraordinário que diz muito da sua autora, da sua sensibilidade em ver o mundo! Belissimo!
Beijo carinhoso.
Graça

ju rigoni disse...

Graça, minha querida, que bom que me alertaste! Eu simplesmente esqueci de liberar a caixinha de comentários quando publiquei o "Cicatriz". Vou fazer isso agora.

Muito obrigada, amiga, pela sua presença, pelo seu comentário e pelo alerta. Bjs e abraço apertado. Inté!

Marise Ribeiro disse...

Ju, como eu gostaria de ter escrito este poema e suplicado às minhas letras que elas não morressem!
Aplaudo-a calorosamente! Parabéns!
Beijos,
Marise