domingo, abril 03, 2011

Alcance


O tempo que está neste verso,
neste outro não há de estar, -
o tempo não perde tempo,
sua natureza é passar…

Vai passando e destinando
muitas rugas aos espelhos.
Paciência impaciente,
leva e traz toda gente.

Será sempre reticências
e ponto de interrogação.
Não há vírgula ou ponto final
para tal anfitrião.

Voluntarioso, arisco,
muito exige da memória…
Só o tempo vai além do fim
de toda e qualquer história.

Poema de solitário verso,
sem começo nem fim…
Só o rítmo interessa!
E aos vivos... a morte, -
venha como e quando vier, -
é a mais inquietante promessa.

É acorde dissonante
esse significante
de tanto significado…

Tormento de jovens e idosos, -
uns, querem que passe depressa
e outros,... que ele não passe.

E enquanto você está lendo
meus embebedados versos, -
escritos em guardanapo
que o tempo destruirá -,
esvai-se um bocado de tempo
que jamais! há de voltar.

(Então, antes que me esqueça…
Dê-me mais estes segundos
para que eu lhe agradeça!)

ju rigoni (2004)


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19 comentários:

CARLA STOPA disse...

Ju, o tempo passará e tudo ficará bem...Receba meu carinho...Grande abraço.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

O poema como sempre é lindo...adoro o que escreve.
Desejo que a sua mãe melhore e não se preocupe com os comentários, quem visita por amizade não está à espera de retribuição, é apenas o prazer de ler e gostar.
Deixo as melhoras e um beijinho

Sonhadora

Tania regina Contreiras disse...

ô, Ju...te ler dispensa retribuições, te ler já é um ganho enorme pra quem aqui vem. Que os deuses te deem força de espírito, porque o amor, este vc já o tem, e que o meu pensamento, focado no teu coração, possa fazer luz neste momento em que precisas, tu e tua mãe.
Amo te ler amiga e desejo que tudo melhore logo, logo.
Beijos,

Paula: pesponteando disse...

Querida Ju,

Gasta aí todo o se tempo. Multiplica-o, Não há a necessidade de dividi-lo conosco. Tende em tua mãe os olhos ternos, as mãos que afagam, a presença que anima e fortalece. Dê a ela seu contentamento para que te sirva dele tbm e depois como nestes versos, ttu nos ecante tbm.

bjs

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Ju
Lamento pela enfermidade de sua mãe. Passei por isso, e lhe compreendo perfeitamente. Não se preocupe, tudo quando é possível. Estarei sempre por aqui.
Força sempre.
Beijos

Sonia Pallone disse...

Na verdade querida Ju, tudo na vida é no tempo Dele e nunca no nosso. Siga o seu caminhar sem atropelos, quem gosta de te ler, não o faz esperando retorno. Que Deus abençoe sua maezinha e cuide de sua saúde. Bjs de bom dia.

Mariazita disse...

Querida Ju
Adorei este poema (não sei se estarei a repetir-me, mas se assim for... paciência - não posso mentir)
O tempo pode destruir o guardanapo, mas nunca a beleza de teus versos.

O que é necessário, acima de tudo, é que sua Mãe melhore rapidinho.
Retribuição de visitas? Podem esperar todo o tempo do mundo. Afinal, é para coisas assim que o tempo existe :)

Renovando votos de boas melhoras, deixo beijinhos com muito carinho.

Maria Emilia Xavier disse...

Imagino minha amiga o quanto necessitas da tua Poesia nesse momento...nós, os amigos e leitores fiéis, estaremos sempre aqui. Que Deus cubra a ti e tua mãe de bençãos e graças.
Você tem razão o tempo é como um amante infiel e sem amor por nós...pena que só saibamos disso quando já rodopiamos muito pelo salão da vida, enlaçadas por ele. Poesia maravilha como sempre.

Nilson Barcelli disse...

O tempo não vai destruir os teus versos. Pelo menos nos séculos mais próximos...
Gostei imenso do teu tempo poético. Sublime, querida amiga.
Beijos.

PS: desejo as melhoras para a tua mãe.

manuela baptista disse...

o alcance

do poema

é como a generosidade que se espera, de quem está solidário consigo!

as melhoras da sua mãe e força para si, JU

um beijo

manuela

Lu Nogfer disse...

Lindo poema amiga!

E que sua mae fique bem logo!
Forças!

Beijo enorme!

Tais Luso de Carvalho disse...

'Poema de solitário verso,
sem começo nem fim…
Só o ritmo interessa!
E aos vivos,... a morte, -
venha como e quando vier, -
é a mais inquietante promessa.'

(JU, me referindo a esse trecho acima...)

Esse seu poema é inquietante, faz pensar, é triste porque nos mostra que o 'tempo' vai afunilando e cada um de nós terá seu momento. Mas só peço que quando 'Ela' chegar, que chegue o mais docemente possível... Que não chegue com tanta amargura. E para isso eu gostaria de ter uma fé inabalável...

Amiga, falaremos por e-mail. Mas não se preocupe com outras coisas neste momento.
Todos entenderão.

Meu carinho pra você
Tais Luso

Sueli Gallacci disse...

Ju...

Sempre estou aqui lendo os seus versos. Sempre quero comentá-los e sempre saio sem comentá-los. Acho que nunca me julguei a altura de digitar uma só palavra, tanta é a emoção que eles me despertam...

Seus poemas tocam fundo na minha alma, e eu travo sob fortes emoções rsrs. Ler o que vc escreve é sempre um aprendizado pelo seu rico vocabulário, pela forte sugestão, seja aqui ou por email.

Esse poema do tempo, lindo, tocante, me atingiu em cheio. O desconhecido me apavora às vezes... Quantas vezes desejei segurar o tempo com as mão. Não temos esse poder, só nos resta torcer para que ele chegue suave como uma brisa.

Desejo-te que o tempo lhe traga soluções e que a tua paz seja eminente.

Um beijo grande, amiga, melhoras para sua mãe.
Sueli Gallacci

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Chego agora, agora lhe encontrei,
mas esperarei o seu retorno...
Todo o tempo,para sua mãe...nele todo o seu amor filial...
Lindos EUS, do poema e do poeta...
Eu disseSEUS, não seria ZEUS...
não, seria DEUS...é isso!
Deus lhe abençoe, NESTE TEMPO, mais ainda...
Fraterno abraço,
Lúcia

ju rigoni disse...

Meus agradecimentos à Carla, Rosa, Tania, Paula, Wanderley, Sonia, Mariazita, Maria Emília, NIlson, Manuela, Lu, Taís, Sueli e Lúcia.

Bjs e inté!

JoeFather disse...

O tempo é como um menino novo, vive correndo o tempo todo, não se cansa e ainda tem fôlego para nos cansar!

Melhoras à tua mãe, que o tempo seja generoso com ela!

Abraços renovados!

ju rigoni disse...

Obrigada, JG, pela visita e comentário. Bjs e inté!

Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa disse...

Não nos agradeça, porque, ao lermos o seu poema, só ganhámos tempo.
Um grande beijo e que tudo corra da melhor forma possível com a sua mãe.

ju rigoni disse...

Muito obrigada, querida Isabel, pela visita e comentário.

Bjs e inté!