domingo, março 06, 2011

Sem Fantasia



Sua história de menina
não tem casa de boneca
nem na imaginação...
Tudo é de verdade!

Varrer o chão,
trocar a fralda do irmão,
esquentar o arroz e o feijão,
lavar os pratos,
esticar os lençóis da cama -
ser do papai o brinquedo,
enquanto mamãe finge dormir...

Ilha em meio a ilhas...

Não! Não há nada mais triste
que a solidão da criança

sem o afago da esperança

de melhores dias...


Sua história de menina
não tem qualquer fantasia...
É feita de medo, dor, -
violência...

É história que entra
pela porta de dentro
e não tem como sair...


ju rigoni (2006)


Visite também

Dormentes, Medo de Avião, Navegando...

21 comentários:

Unknown disse...

Boa noite Ju,
este poema tocou-me particularmente por saber que existem tantas crianças vitimas de violência física e psicológica.

Bem-Haja por abordar um tema tão pertinente em poesia.

Fui ver Ju, e de facto você já é minha seguidora há muito tempo. Me perdoe a distracção, quem me conhece bem, sabe que é um defeito incorrigível.

Beijinho,
Ana Martins

Tania regina Contreiras disse...

Um retrato, triste, da realidade...De fazer sofrer o coração, né? :-(
Beijos

Maria Emilia Xavier disse...

Quantas mulheres - não importa se ricas, pobres ou miseráveis - verão sua infância em algum ou todos os versos dessa sua poesia, forte,com um tema cruel...mas absolutamente verdadeira.Na semana que se comemora o dia da "MULHER", sua Poesia vem nos lembrar que nascemos "MULHERES", não nos tornamos "MULHERES", por isso há que se CUIDAR e PROTEGER a "MULHER" desde que ela nasce.

Mariazita disse...

Olá ju, bom dia
Assim é, infelizmente, a chamada "infância" de milhares e milhares de crianças.
Contra isso me insurjo.

"ser do papai o brinquedo,
enquanto mamãe finge dormir..."

Isto é abominável!!!

A Mulher, cujo Dia Internacional se comemora amanhã, lutou, ao longo dos tempos, pelos seus direitos.
Pelos Direitos da criança, quem luta?
Quem respeita ou faz respeitar «Os Direitos da Criança» consagrados na lei???
Esses msemos Direitos só existem no papel; a realidade é bem mais semelhante à descrita neste seu belo poema, belo apesar do assunto triste que foca.

Minha querida, quando para si é início de noite para mim já é noite avançada :) - o fuso horário, não esqueça :)))
Portantro passarei a visitá-la à segunda feira de manhã :)

Um feliz Dia da Mulher e alegre carnaval.
Beijinhos

Guaraciaba Perides disse...

Uma verdade nua e crua...o lado sombrio da existência...a outra face da lua...o lado perverso da vida. Um abraço

Anônimo disse...

Poetisa, a sua sensibilidade me arrepia. Que coisa linda! Trist(e)linda!

Beijos, querida.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Um poema muito tocante e infelizmente uma realidade, que não é só dos tempos antigos...está aí presente.

Deixo um beijinho
Sonhadora

manuela baptista disse...

não há nada mais triste

do que criança sem infância
no meio da solidão

e saber dizê-lo, com um poema digno e belo

não é fácil, Ju!

um beijo

manuela

Unknown disse...

Voltei para me fazer sua seguidora porque ontem, esqueci-me.

Beijinho com votos de um feliz dia de Carnaval.
Ana Martins

Isabel Maria Rosa Furtado Cabral Gomes da Costa disse...

Poema extraordinário na forma crua como retrata uma realidade brutal. Há tantos gritos de inocentes, silenciados por monstros! Há tantas pessoas que nunca foram crianças! Meu Deus, ajudai os inocentes! Não permitais que sejam almas amortalhadas à deriva na imundície humana!

Um abraço.

Nilson Barcelli disse...

Não há qualquer fantasia no teu poema, de facto.
Muitas crianças deste mundo sofrem as maiores atrocidades por causa dos adultos.
Excelente poema, querida amiga Ju. Gostei imenso.
Beijos.

Sonia Pallone disse...

Querida Ju, vim te deixar um beijo e desejar um Feliz Dia Internacional da Mulher! Que a sensibilidade seja uma constante em seu coração. Bjs.

Tais Luso de Carvalho disse...

Ju: não sou muito dada a poemas que falam de muito amor; que são lindos, são. Mas falar de amor é fácil, é lindo. Mas prefiro poemas que falam do social, que mostram as amarguras da vida, que delatam a injustiça, a crueldade, a ineficiência, falha do sistema. Poemas que narram o submundo dos infelizes e que continuarão sem proteção alguma.

Teu poema é forte, narra o abuso e o descaso. E dá um imenso ódio pela inércia dos que deveriam fazer algo e nada fazem; depois do fato consumado só resta chorar e levar pela vida afora traumas enormes para sempre. E remediar um mal de tamanha dimensão... Não há psiquiatra que fará milagres.

Nas tuas entrelinhas, está tudo dito. Mas ficará pelo não dito, infelizmente. Como você disse, a cumplicidade de tantos destes fatos, muitas vezes é visto dentro de casa, e acobertado.

Beijos, querida amiga.
Tais Luso

Zélia Guardiano disse...

Perfeito, Ju!
Tetrato em branco , preto e sépia, daquilo que deveria ser colorido...
Lindo, perfeito , tocante poema!
Bravo!
Abraço saudoso da
Zélia

Wanderley Elian Lima disse...

Oi Ju
Um belo poema , mas que retrata uma triste, e cada vez mais comum realidade.
Bjux

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

"Não! Não há nada mais triste
que a solidão da criança
sem o afago da esperança
de melhores dias...

"
sei disso porque fui umdia essa criança

Tainã Almeida disse...

Lindo o poema, gostei bastante do blog. Beijos.

Sonia Schmorantz disse...

Esta é a realidade de milhares de meninas, realidade esta muito bem descrita no teu poema.
Beijo, boa semana

ju rigoni disse...

À Ana, Tania, Maria Emília, Mariazita, Guaraciaba, Patrícia Lara, Sonhadora, Manuela, Isabel, Nílson, Soninha Pallone, Taís, Zélia, Wanderley, Ediney, Tainã, Soninha Schmorantz

muito obrigada pela visita e comentário.

Bjs e inté!

Sueli Gallacci disse...

Ju, querida, obrigada pelo seu carinho! Obrigada por ter sido tão presente e solidaria conosco todo o tempo, não imagina como isso é importante pra mim!

As coisas estão melhores agora, sob controle, graças a Deus!

Escolhi esse post para postar meu comentário também para dizer o quanto esse seu poema mexeu comigo. Desde que o li pela primeira vez tocou fundo na minha alma como um grito seu. Um grito de revolta, que é o meu grito.

Preocupo-me muito com as crianças que passam por qualquer tipo de abuso, violação, abandono... Esse ser tão indefeso que temos o dever de proteger, acalentar, enfim, preparar um futuro...

Me é inconcebível uma mãe, que trás dentro de si o instinto materno, se omitir diante de tamanho ato de crueldade! Mas sei que isso acontece, exatamente como vc, tão belamente, descreve no seu poema.

Tenho vontade de esconder a feiúra do mundo aos olhos de uma criança, mas ainda existem muitas que descobrem essa feiúra cedo demais.

Isso é triste, doloroso, e me pergunto se estamos fazendo a nossa parte devidamente. Se não estamos num tipo de inércia de conformismo. Digo “nós”, as pessoas de bem, pois nada espero daqueles que poderiam estabelecer leis mais rígidas para punir os culpados.

Bom seria se pudéssemos mudar a condição dessas crianças, se tivéssemos esse poder. De prático pouco podemos fazer, a não ser denunciar, com vc faz nesse poema. Por isso parabenizo-a!

Um grande beijo, a vc dedico toda minha admiração!

Ah! quero dizer que me impressiona muito as fotos que vc escolhe para a ilustração dos seus post. Elas “falam” por si só, enfatizam os seus temas. Parabéns também por isso!

Sueli gallacci

ju rigoni disse...

Sueli, obrigada pela visita e comentário. Continuo aqui, torcendo pela Nica.

Convido os amigos que ainda não viram o linque na barra lateral deste blogue a visitar o endereço abaixo...

http://a-cor-da-gente.blogspot.com/2011/02/licoes-que-vida-nos-ensina.html

e refletir sobre o tema.

Bjs e inté!