Agora
que meu corpo alimenta pragas,
está morto, enterrado, -
ou virou cinzas? -,
eis-me, mais que inteira.
Minha vida está bem aqui, -
é nada mais que linhas
e entrelinhas
embaraçadas nos fios
dos meus excessos coloquiais.
Palavras que um dia juntei,
escrevi, - primeiro, para mim -,
buscando dar sentido
aos tantos artigos;
meus definidos indefinidos...
E posso ver claramente
o que se passa em sua mente
enquanto me lê...
Entre a minha loucura
e a sua leitura,
ouso afirmar o que sempre acreditei...
E estou bem aqui,-
nestas palavras
por onde seus olhos passeiam
piscando dúvidas em cada verso.
Não, não perca seu tempo
dando tratos à bola...
Afinal, se quiser que eu morra
definitivamente
basta me esquecer, -
desenterrar-me da sua mente.
Mas confesso que é bom saber
que as palavras que escrevi, -
que plantei e reguei como a sementes -,
permanecem aí, à deriva,
nesse incompreendido mar
de gelo fervente...
Não! Nunca fui santa.
Não tente me canonizar;
não me faça pedidos...
Embora esta sensação agradável,
não sinto frio ou calor, -
não posso dizer com certeza
onde estou...
Pudera!
Eternidade é muito tempo!
Quem me aguentaria?
Nem céu nem inferno.
Paz?
Não sei se é esta
aquela com que tanto sonhei...
Mas,... nunca eu e você
estivemos tão longe...
e tão perto.
ju rigoni (2006 -
Etílicas III)
Visite também
Dormentes,
Medo de Avião,
Navegando...
28 comentários:
Ju,
Você tem razão, está muito bem aí. Onde desassossega e encanta.
(Já tinha saudades de vir aqui)
Beijo :)
As palavras!! Essas que tanto unem, quanto separam. Que tanto fazem sorrir, quanto chorar. Que encantam e desencantam... e que aproximam, mas também separam.
¬
Boa semana, Ju.
Ju, que belo poema! Como disse o AC, desassossegado, desses que espalha o "eu" em tantas faces diferentes.
beijo grande, poeta!
Nem frio ou calor. Nem céu ou inferno. Nem paz ou tormento. Só vida e amor.
Bonito.
beijos
De tudo que fica,
de tudo que passa
Só permanece
qual jóia rara
A vida, com seus segredos...
Um abraço .
Em mim, não morres.
Falo sempre contigo quando te leio (louco como tu?).
O teu poema é brilhante, como sempre é a tua poesia.
Querida Ju, boa semana.
Beijos.
Alguma vez deixarás de me surpreender? Julgo que não!
"Entre a minha loucura e a sua leitura, ouso afirmar o que sempre acreditei"... E no que eu acredito é que nunca te desenterrarei da minha mente...e do meu coração.
Beijo carinhoso.
Graça
Ouso dizer que te entendo, que com a poesia que corre em nossas veias, somos irmãs de alma...amo seus escritos, Ju,
Oi Ju
O importante, é mesmo com todas as contradições, estar feliz. Não tente desvendar o mistério, o inconsciente registra além das aparências.
Bjux
Entrei neste jardim, sentei-me e estive a ler as flores que aqui semeou. Depois, com o coração perfumado, saí com a certeza de sempre: voltarei.
Um beijo.
As palavras que você escreve vêm e fazem morada em mim, muitas vezes. Grande, Ju, como sempre!
Beijos,
É sempre muito bom ler a poesia
aqui inserida. São momentos de
grande calma.Gosto.
Bj.
Irene
A poesia sentida, feita como filho, jamais deixará de ser o Poeta que fica...não importa se morto, se não mais poeta, se perto ou longe...Lindo, muito lindo Ju.
“Não, não perca seu tempo
dando tratos à bola...
Afinal, se quiser que eu morra
definitivamente
basta me esquecer, -
desenterrar-me da sua mente.”
Ju, você sempre surpreende mais e mais.
Um dia eu disse que você é uma poeta pronta? Madura?
Não sou poeta, mas com um pouco de sensibilidade e lendo muita poesia, não dá pra ficar indiferente aos seus textos e saber o quanto eles são bons. E sofisticados.
Grande beijo.
Tais Luso
Dos poemas que li, da JU RIGONI, não saberia dizer qual o melhor deles. Poderia dizer, isto sim, qual deles tocou-me mais, neste ou naquele dia.
Às vezes lemos um poema – não importa qual seja o poeta – que, em determinado dia, passa-nos despercebido, como se fora uma notícia de jornal; mas, se esse mesmo poema for lido por nós em outra ocasião, quando estivermos menos preocupados com coisas materiais que nos cercam, com nosso egoismo e nossas vaidades, poderá ter força suficiente para elevar-nos, dando-nos alguma alegria, algum conforto espiritual, o perdão que buscávamos pelas mágoas que causamos a alguém. Como qualquer outra coisa, também a poesia dependerá de nosso humor.
Não foi por outro motivo que Ezra Pound disse que “poesia é a linguagem consagrada ao máximo de significação, levada à maior concentração possível de sentido”. [In “Rilke, Pound e Neruda. Três Mestres da Poesia Contemporânea”, de J. M. Ibáñes Langlois, São Paulo, Ed. Nerman, 1978, p. 93].
Não raro recebo e-mails de alunos que perguntam o que deverão fazer para sua iniciação na escrita ficcional e a escrever crônicas; a essas perguntas, respondo, invariavelmente, que a poesia é um dos caminhos mais importantes para esse fim; enfatizo que, por meio da leitura habitual de poemas, eles poderão aprender a escrever de forma sintética, com ritmo e melodia. Isso, para ficarmos apenas na forma do poema.
A essas pessoas, que fazem esse tipo de questionamento, não teria dúvida em aconselhá-los, como de fato não tenho, a fazerem a leitura dos belos e singulares poemas da JU.
Estou editando aqui no blog da Ju – no seu post do poema “Provação”, este comentário que também postei no meu blog “Panorama”, em resposta ao seu comentário (da Ju) ao meu conto “A História do Oficial de Justiça”.
Parabéns a você Ju, pelo seu brilhante trabalho em prol da Poesia.
Abraços,
Pedro.
Pra você minha querida, o eco de milhões de aplausos...Beijos.
gosto da sua poesia
excessiva
sentido têm todos os artigos
especialmente os indefinidos
um beijo, Ju!
manuela
Ju,
o que dizer do seu poema, se a poesia não se comenta, sente-se, e eu sinto-a intensa, magnifica, sublime!
Beijinho,
Ana Martins
Sente-se cada palavra com uma tangência desmedida, não contida e tão verdadeira.
Parabéns Jú.
Adoro a tua poesia.
Beijo
Ná
Da Síndrome
(Para o amigo Pedro Luso)
Sim, é maiúscula a POESIA, -
e não me refiro à minha.
A minha é minúscula,
é só uma criança,
e tão danadinha!...
Crescer?...
Olha para o alto
e vê as estrelas – guias! -,
delicia-se, aprende com elas,
mas não sai do seu lugar;
gosta de estar onde está.
Faz bem à essa petiz
ser o certo e o errado,
ser seu réu e jurado, -
ser seu próprio juiz.
Ao mágico som de sininhos,
brincadeira muito séria,
ser herói, ser heroína, -
vencer capitães,
saltar crocodilos,
sem deixar de ser menina;
singrar céus e mares,
atravessar mundos,
pirlimpimpar...
Voar, voar, voar,
ter um chão particular
entre as estrelas e o mar...
Voar, voar, voar...
Livre.
ju rigoni (mar/2011)
Muito bem escrito e muito lindo também. gostei muito de ler-te.
Beijos doces.
Minha querida
Este poema deixou-me sem palavras para comentar...apenas senti cada letra e vou plena de poesia.
Deixo um beijinho
Sonhadora
oi. gostei daqui. muito legal. apareça por la. abraços.
Minha querida, vc é uma das maiores poetisas que conheço.
Como é bom te ler! E sei, estou ficando repetitiva, mas não me importo de repetir esta verdade! :)
Vc é maravilhosa!
Seus poemas são de uma intensidade que não cabe palavras para comentá-los... é só ler e senti-los. Mais nada! :)
Beijinhos
Esqueci de dizer...
Já tinha saudades demais daqui... :)
Beijos
Agradeço aos amigos, AC, Epee, Andrea, Angela, Guaraciaba, Nílson, Graça, Glorinha, Wanderley, Isabel, Tania, Irene, Maria Emília, Taís, Pedro, Sonia, Manuela, Ana, Ná, Colégio Futuro Vip, Rosa, Um Brasileiro, Patrícia.
Sempre muito feliz ao "vê-los", aqui, em minha casa virtual.
Bjs e inté!
Querida Ju:
Sempre atenta aos seus lindos poemas/pensamentos, penso que, neste momento, o mais importante é transmitir-lhe que a sua Mãe está nas minhas orações. Desejo que tudo corra da melhor forma possível com a ajuda de Deus.
Um grande, grande, grande abraço.
Agradeço, amiga Isabel, pela sua visita e comentário.
Bjs e inté!
Postar um comentário